Editorial
De urgência para emergência
Ao longo dos últimos anos, quem alertava para a urgência da questão climática era taxado de alarmista, "ecochato" ou outros adjetivos nada agradáveis por muitos. Porém, a emergência claramente virou urgência e é estranho ver que isso parece não estar gerando a preocupação que deveria de todos os atores da sociedade - incluindo a imprensa, que muitas vezes opta por tratar o tema como entretenimento, especialmente em períodos de extremos climáticos.
No entanto, o que se vê nos últimos dias é que as questões tanto alertadas vêm chegando com força. Vivemos períodos de extremos climáticos cada vez mais. A manchete do ineditismo chega quase que mensalmente. Porto Alegre, por exemplo, já viu duas cheias recordes no Guaíba nos últimos dois meses. Por aqui, você confere na página 3 que ainda não superamos de vez as chuvas de setembro, com o Pontal da Barra ainda sofrendo efeitos. Fora isso, a cidade teve dois decretos de situação de emergência, por estiagem e, na sequência, por chuva.
Enquanto o Rio Grande do Sul sofre ainda com as chuvas exacerbadas, outras regiões do País derretem diante de um calorão que gerou mortes, como a da fã de Taylor Swift durante um show no Rio de Janeiro, parece ser um gostinho do que virá pela frente por aqui, durante esse período de El Niño. No hemisfério norte, o frio começa a gerar também impactos.
Ou seja, não dá para dizer que essas situações acendem um alerta, pois ele já estava aceso há bastante tempo. Agora, é hora de disparar a sirene climática, sob pena de não conseguirmos jamais reverter isso. Muito além do "cada um fazer um pouquinho", é hora dos governos tomarem frente e colocar em prática, de fato e de vez, medidas que diminuam o efeito estufa, como controle da emissão de gases, do desmatamento descontrolado e da urbanização desenfreada que destrói espaços verdes. Além disso, o plantio de árvores, em especial em áreas urbanas, e, como medida humanitária, a disposição de fontes públicas de hidratação e até para refrescar-se devem começar a ser pensadas.
Se medidas não forem tomadas agora, talvez não haja um depois. Com o aquecimento global, é sempre questão de tempo até a próxima tragédia empilhar corpos, acender o alerta e, rapidinho, esquecermos de novo.
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